Pepino-do-mar pode estar relacionado ao tratamento do câncer. Entenda

Os pepinos-do-mar são invertebrados conhecidos por serem “zeladores” do oceano. Eles comem matéria orgânica e sedimentos, absorvendo nutrientes e decompondo resíduos de maneira semelhante às minhocas na terra. Pesquisadores da Universidade do Mississipi, nos Estados Unidos, descobriram ainda mais uma função para os animais: ajudar a curar o câncer.
Um tipo de açúcar produzido especificamente pelos pepinos-do-mar é capaz de bloquear a Sulf-2, uma enzima usada pelo câncer para entrar nas células e se multiplicar. O estudo foi publicado na revista Glycobiology, do grupo Oxford, em 30 de abril.
“A vida marinha produz compostos com estruturas únicas que muitas vezes são raras ou não encontradas em vertebrados terrestres”, explica a doutoranda Marwa Farrag, uma das autoras do estudo, em entrevista ao site da universidade.
Ela ensina que as células humanas, assim como as de muitos mamíferos, são cobertas por pequenas estruturas que parecem fios de cabelo e são chamadas de glicanos. Os fios ajudam com a comunicação das células, reconhecimento de ameaças e respostas imunológicas.
As células cancerígenas mudam a expressão de algumas enzimas, incluindo a Sulf-2, que modificam a estrutura dos glicanos e permitem que o câncer se espalhe. Teoricamente, bloqueando a enzima com o açúcar dos pepinos-do-mar, a doença ficaria controlada.
Opção mais sustentável
Os cientistas usaram modelos de computador e os compararam com testes feitos em laboratório para chegar aos resultados. Já existem alguns medicamentos que miram a enzima, mas eles podem interferir na coagulação sanguínea — o que não ocorre com a substância do pepino-do-mar.
“Alguns desses medicamentos já são usados há 100 anos, mas ainda os isolamos de porcos porque sintetizá-los quimicamente seria muito difícil e muito caro”, explica o professor Joshua Sharp.
Ele conta que, ao contrário dos açúcares vindos de porcos, o do pepino-do-mar não corre risco de contaminação por vírus ou outros patógenos. Porém, não há animais suficientes no mundo para criar medicações em massa contra o câncer — por isso, o próximo passo da pesquisa é tentar descobrir uma maneira de sintetizar a substância em laboratório.
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