Censo: Brasil tem 2,4 milhões de pessoas com autismo; maioria são homens

O Censo Demográfico 2022, divulgado nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), identificou 2,4 milhões de brasileiros com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) — 1,2% da população. A condição é mais prevalente entre homens (1,5%) do que entre mulheres (0,9%), com destaque para crianças de 5 a 9 anos, grupo que apresentou o maior percentual: 2,6%.
Segundo o IBGE, a maior concentração do diagnóstico em idades mais jovens reflete a evolução dos métodos de diagnóstico e maior atenção nas escolas e famílias, mas também evidencia desafios persistentes de inclusão educacional e social.
“Esses dados são fundamentais para pensar em políticas públicas, acesso e obrigatoriedade dos setores da escola, e pensar que os profissionais precisam estar mais capacitados pra ajudar e atender essas pessoas. Há urgência em mudança nas formações também, outras disciplinas possam ser inseridas dentro das grades das faculdades pra que se tenha mais informação no sentido técnico de como ajudar essas pessoas”, diz Tatiana Serra, neuropsicóloga e especialista em Transtorno do Espectro do Autismo, à CNN.
A taxa de escolarização entre pessoas com autismo (36,9%) supera a média nacional (24,3%), especialmente entre crianças e adolescentes. Cerca de 70% dos estudantes com TEA estão no ensino fundamental, e a maioria se concentra entre 6 e 14 anos. Já no ensino superior, a presença de autistas é de apenas 0,8%.
Outro dado relevante é que 46,1% das pessoas com TEA com 25 anos ou mais têm apenas o ensino fundamental incompleto ou nenhum grau de instrução, frente a 35,2% da população geral.
A maior taxa de diagnóstico foi registrada entre brancos (1,3%), enquanto indígenas apresentaram a menor (0,9%).
A nova pesquisa também aponta que o Sudeste concentra o maior número absoluto de pessoas com TEA, seguido pelo Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste. Em termos proporcionais, as diferenças entre regiões são pequenas.
“Isso tem motivo também. São Paulo é uma cidade populosa que tem muito acesso à informação, mais facilidade a profissionais, isso explica essa concentração. Se a gente olhar o Centro Oeste, Nordeste, são regiões que tem precariedade de profissionais, às vezes de informação, isso tudo está refletido nos dados”, finaliza Tatiana Serra.
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