Waack: Projeto eleitoral de Lula manterá juros elevados

Pode ser óbvio, mas ainda assim é duro de ouvir. O presidente do Banco Central disse hoje que nem está perto de discutir quando os juros podem voltar a cair.
E adiantou: “A gente realmente precisa permanecer com uma taxa de juros em patamar bastante restritivo por um período bastante prolongado”, disse Gabriel Galípolo.
Há um componente externo nessa questão dos juros. Que vão continuar mais altos por mais tempo também nos Estados Unidos.
Mas nem Galípolo, indicado por Lula, discorda da afirmação de que, por detrás de juros altos no Brasil, está um problema fiscal.
Ou seja, como o governo vem lidando com as contas públicas. Os argumentos nessa discussão já estão surrados de tão repetidos.
Embora permaneça de pé o principal deles: É o primado das decisões político-eleitoreiras sobre qualquer outra consideração.
No modo reeleição, Lula não pretende alterar sua política fiscal. Pela qual enfrenta despesas subindo mais que as receitas.
Com pressão sobre os juros, embora os agentes de mercado comecem a prever inflação mais baixa adiante.
Galípolo ressaltou hoje algo que parece estar na cabeça de Lula: Que a economia permaneceu dinâmica mesmo com juros elevados. O presidente do Banco Central acha que juros altos vão, sim, ajudar a frear a inflação.
Falta combinar com as incertezas do cenário internacional — e com os acidentes de percurso. O mais recente deles: a gripe aviária. E falta combinar com a política.