15 de maio de 2025

Cigarro também afeta esqueleto, apontam estu…

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Você sabia que o cigarro também pode atacar suas articulações? Além dos prejuízos conhecidos aos pulmões e ao coração, o tabagismo exerce efeitos profundos — e muitas vezes negligenciados — sobre ossos e cartilagens.

Estudos recentes da Faculdade de Medicina da USP mostram que o fumo acelera inflamações, prejudica a regeneração dos tecidos e colabora para doenças como osteoporose e artrose.

O cigarro altera a biologia do sistema músculo esquelético. Dados preliminares apontam que fumantes e ex-fumantes apresentam menor densidade de condrócitos (as células da cartilagem), redução de proteoglicanos e maior presença de inflamação na articulação — até mesmo anos após terem parado de fumar.

Corroborando estes achados clínicos, experimentos com condrócitos humanos mostram que o extrato de fumaça de cigarro promove aumento do estresse oxidativo e morte dos condrócitos com consequente alteração dos constituintes do tecido cartilaginoso. A boa notícia é que a aplicação de um medicamento inibidor do TNF-alfa (adalimumabe), conseguiu reverter esses danos in vitro.

O tabagismo também compromete a qualidade do tecido ósseo, reduzindo sua densidade de trabéculas (estrutura dos ossos), alterando a produção de colágeno e ativando enzimas que favorecem a reabsorção óssea, predispondo este tecido a uma maior fragilidade e incidência de fraturas. A enzima Rho quinase mostrou-se um alvo promissor para amenizar esses efeitos negativos.

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Mas há esperança: em um ensaio clínico com pacientes com DPOC grave um programa de exercícios (aeróbico e força) melhorou o condicionamento físico, aumentou massa muscular e modulou a inflamação sistêmica. Foi observado aumento de células reguladoras (Tregs) e queda de marcadores inflamatórios. Isso reforça a ideia de que o exercício apresenta ação anti-inflamatória.

O cigarro fragiliza a estrutura que nos sustenta: os ossos, músculos e articulações. Parar de fumar é essencial. Mas, tão importante quanto isso, é colocar o corpo em movimento. O exercício pode ajudar a recuperar parte do equilíbrio perdido — e devolver liberdade, força e longevidade às articulações.

*Fernanda Degobbi Tenorio Quirino dos Santos Lopes é pesquisadora científica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Marco Aurélio Silvério Neves é ortopedista, doutorando em Fisiopatologia Experimental da Faculdade de Medicina da USP

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