6 de junho de 2025

Ameaça inesperada afeta satélites Starlink de Elon Musk

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Erupções solares estão reduzindo a vida útil de milhares de satélites que orbitam a Terra, em especial dos 7 mil aparelhos Starlink, da SpaceX – empresa do bilionário Elon Musk.

A quantidade inédita de satélites lançados na atmosfera e o pico de atividade solar severa observado em 2024 levaram a uma reentrada recorde de equipamentos espaciais na atmosfera terrestre.

Os achados são de Denny Oliveira, pesquisador do Centro de Voos Espaciais Goddard da Nasa, e da Universidade de Maryland, e foram divulgados pelo site de notícias científicas New Scientist.

Segundo a pesquisa de Oliveira, isso acontece porque, a cada 11 anos, o Sol passa por um período de atividade intensa conhecido como máximo solar.

Durante estas fases, as erupções solares se intensificam e podem desencadear tempestades geomagnéticas, causadas pela interação de partículas solares – as chamadas ejeções de massa coronal – com o campo magnético da Terra.

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Estes distúrbios já são conhecidos por levar a auroras boreais intensas e falhas em sistemas de comunicação via rádio.

Em maio de 2024, a maior tempestade solar em 20 anos foi registrada por aparelhos geofísicos de todo mundo, provocando auroras boreais incomuns em regiões da Europa e até a ocorrência de raras auroras austrais na Argentina e no Chile.

Além disso, as tempestades solares também aquecem e expandem a atmosfera, aumentando a resistência enfrentada pelos satélites em órbita, diminuindo sua vida útil mais rapidamente do que o esperado.

“Descobrimos que, quando temos tempestades geomagnéticas, os satélites reentram mais rápido do que o previsto”, explicou Oliveira à New Scientist. Durante o máximo solar, segundo a publicação científica, a vida útil de um satélite pode ser reduzida de 15 para até 5 dias.

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Megaconstelação de satélites

O estudo indica que, apesar do efeito das erupções solares já ser conhecido, seu impacto sobre equipamentos em órbita ficou mais evidente devido ao máximo solar de 2024 ter sido o primeiro contemporâneo ao boom de satélites lançados pela SpaceX. A empresa prevê manter até 30 mil equipamentos Starlink em órbita simultaneamente no futuro.

“É a primeira vez na história que temos tantos satélites reentrando ao mesmo tempo”, observa Oliveira. Entre 2020 e 2024, foram rastreados 523 satélites Starlink voltando à atmosfera terrestre, todos projetados para se desintegrar completamente durante o processo.

Ilustração colorida de vários satélites em órbita - Metrópoles A Starlink possui vários satélites em órbita na Terra

Já durante eventos geomagnéticos severos mais recentes, 37 satélites da SpaceX que estavam em órbitas inferiores a 300 quilômetros reentraram apenas cinco dias após serem lançados.

A expectativa, segundo ele, é que em alguns anos haverá satélites voltando à atmosfera diariamente.

Essa aceleração no processo tem pontos positivos e negativos, explicou à New Scientist Sean Elvidge, professor de Ambiente Espacial na Universidade de Birmingham. Por um lado, pode beneficiar os operadores ao remover mais rapidamente satélites inativos que poderiam representar risco de colisão. No entanto, limita a capacidade de operar satélites em órbitas muito baixas, abaixo dos 400 quilômetros.

Impacto ambiental e lixo espacial

Organizações científicas acusam outros impactos do lixo espacial resultante das megaconstelações de satélites de curta duração lançados pela SpaceX.

Um estudo liderado pelo Instituto Holandês de Radioastronomia (Astron), por exemplo, mostra que a radiação e o brilho emitido pelos aparelhos em órbita dificultam a observação astronômica.

Também há um maior acúmulo de partículas como o óxido de alumínio — resultado da queima dos satélites na atmosfera — que pode ter efeitos ainda desconhecidos, mas potencialmente graves, sobre o clima terrestre.

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