Galípolo contraria Haddad e critica ajuste do IOF para aumentar arrecadação

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, contrariou o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, e criticou a decisão de ajustar o IOF para aumentar a arrecadação e fechar as contas públicas deste ano.
Galípolo já foi o braço direito de Haddad na Fazenda e indicado por ele para comandar a autarquia, além de já ter sido altamente elogiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Sempre tive a visão de que a gente não deveria usar o IOF nem para questões arrecadatórias nem para apoiar política monetária. Acho que é um imposto regulatório, como está bem definido”, disse nesta segunda (2) em um evento do mercado financeiro.
VEJA TAMBÉM:
-
Justiça bloqueia R$ 23,8 milhões de investigados por fraude no INSS
O aumento do IOF levou a uma crise entre o governo e o Congresso, e Haddad prometeu apresentar nesta terça (3) uma solução alternativa que passaria por uma revisão do decreto junto do encaminhamento de reformas estruturais.
Na semana passada, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deu a ele um ultimato, sob a ameaça dos parlamentares derrubarem a decisão – o que seria inédito.
Gabriel Galípolo foi além na crítica e afirmou que o uso do IOF como medida arrecadatória em vez de regulatória pode “soar como controle de capitais, o que não é desejado”.
E emendou afirmando que o imposto não deveria ser usado em operações de crédito “em função de uma arbitragem tributária”.
“Dizer que vai pensar em usar o IOF para fazer isonomia das alternativas de crédito, eu acho que é coerente com o instrumento. Mas… em que patamar? Aí é uma outra discussão”, completou.
Haddad se reuniu novamente com Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), na noite desta segunda (2), para discutir a proposta alternativa ao aumento do IOF. Eles, no entanto, não deram detalhes sobre o que foi decidido.