31 de maio de 2025

PIB brasileiro cresceu 1,4% no 1°. trimestre: agronegócio lidera

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A economia brasileira demonstrou vigor no primeiro trimestre de 2025, com o PIB registrando crescimento de 1,4% em relação aos três meses finais de 2024 e 3,5% em 12 meses, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desempenho positivo foi impulsionado principalmente pela pujança do agronegócio e pela robustez da demanda interna.

As projeções mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam para uma safra recorde de 332,9 milhões de toneladas – crescimento de 11,9% em relação à anterior, que havia sido prejudicada por adversidades climáticas.

A soja destacou-se como protagonista no campo, com expectativa de expansão de 14% na colheita deste ano. Até a terceira semana de maio, 99,1% da oleaginosa já havia sido colhida, conforme dados da Conab, restando apenas pequenas áreas no Maranhão, Piauí, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Perspectivas apontam para arrefecimento gradual do PIB brasileiro em 2025

Apesar do início promissor motivado pelo agronegócio e pelos serviços, analistas projetam desaceleração gradual da atividade econômica ao longo de 2025. O Boletim Focus do Banco Central divulgado na segunda (26) indicou que a mediana das projeções para o crescimento do PIB neste ano está em 2,14%.

Indicadores do Itaú referentes a abril revelam sinais de desaceleração mais acentuada, especialmente nos setores de serviços e comércio dependente de crédito. Fatores sazonais, como a ampliação de feriados em alguns estados, também podem ter contribuído para essa tendência.

O principal fator por trás das projeções de arrefecimento é o efeito defasado da elevação dos juros, iniciada em setembro de 2024. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), houve alta de 0,5 ponto percentual, elevando a taxa Selic para 14,75% ao ano – o patamar mais elevado desde 2006.

O ciclo de alta nos juros pode ter chegado aio fim. Os contratos de opções negociados na B3 na quinta-feira (29) indicavam 74% de probabilidade de manutenção da taxa na próxima reunião do Copom, marcada para 17 e 18 de junho. Essa expectativa alinha-se com a mediana das projeções de bancos, corretoras e consultorias sinalizadas no boletim Focus.

Analistas sinalizam que os primeiros cortes na Selic devem ocorrer, na melhor das hipóteses, na última reunião do ano, em dezembro. A manutenção dos juros elevados visa controlar a inflação e ancorar expectativas que ainda se mostram desalinhadas da meta de 3%.

Mercado de trabalho sustenta demanda e ajuda a conter desaceleração do PIB

Fatores domésticos ajudam a conter a desaceleração econômica. Apesar de a criação de postos com carteira assinada ter caído 4,5% no primeiro quadrimestre ante igual período de 2024, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o desemprego recuou. Após quatro meses consecutivos de alta, a taxa caiu para 6,6% em abril – o menor índice para esse mês desde o início da série histórica em 2012.

Já a massa salarial real (descontada a inflação) registrou forte crescimento de 6,1% em abril ante o mesmo mês de 2024, segundo o IBGE, marcando o quarto ano consecutivo de melhorias na remuneração.

Iniciativas governamentais, marcadas pelo populismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também contribuem para manter a atividade aquecida. A liberação de saldos do FGTS e a criação do “novo consignado privado” exemplificam essas medidas.

O novo consignado, ao ampliar a competição e o universo de trabalhadores formais com acesso a crédito, tende a reduzir taxas de juros e aumentar prazos médios dos empréstimos pessoais – efeito similar ao consignado original de 2004. A XP Investimentos estima que essa medida, ao liberar renda antes comprometida com o serviço da dívida, pode adicionar até 0,6 ponto percentual ao crescimento do PIB entre 2025 e 2026.

O principal efeito dessa dinâmica é a dificuldade para a inflação recuar. O IPCA acumulado em 12 meses atingiu 5,53% em abril – o mais elevado desde 2023. Economistas do Bradesco projetam que a redução só deve ocorrer a partir de agosto.

Incertezas externas são desafios para as projeções

O cenário global apresenta riscos para a economia brasileira, especialmente relacionados às políticas comerciais americanas. Diferentemente do primeiro governo Trump, os alvos das tarifas agora abrangem praticamente todas as economias mundiais, não apenas a China, aumentando significativamente a incerteza.

Embora o impacto direto das tarifas na economia brasileira seja considerado pequeno – dado o relativo fechamento do país ao comércio exterior –, os efeitos indiretos são relevantes. A desaceleração global sincronizada e a volatilidade nos preços das commodities constituem os principais canais de transmissão.

O consenso de mercado aponta para desaceleração do PIB global em 2025 (projetado em 2,8%, abaixo da média histórica de 3,4%), mas sem configurar cenário recessivo. A XP Investimentos destaca que a queda nos preços de commodities como metais, energia e especialmente petróleo tende a pressionar negativamente a economia brasileira.

A cotação do dólar reflete a situação global, com o real sendo influenciado predominantemente por fatores externos. O recente enfraquecimento global do dólar americano, combinado com o diferencial de juros elevado no Brasil, favorece a valorização da moeda brasileira.

Contudo, fatores limitam esses ganhos potenciais: a continuidade do “excepcionalismo americano” (crescimento mais forte nos EUA), incertezas fiscais domésticas e dinâmica desfavorável das contas externas. As projeções para o câmbio ao final de 2025 situam-se entre R$ 5,70 e R$ 5,80 por dólar.



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