Brasil deve colher a maior safra de grãos da história

A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas no Brasil deve ser a maior da série histórica na safra 2024/25, apontam as estimativas mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em seus levantamentos mais recentes, publicados nesta quinta-feira (15).
A expectativa da Conab, após pesquisa de campo realizada na última semana de abril, é de um volume total de 332,9 milhões de toneladas, alta de 11,9% sobre a safra anterior (297,3 milhões), totalizando 35,4 milhões de toneladas adicionais. Até agora, a maior produção ocorreu na safra 2022/23, com 319,8 milhões de toneladas.
Os números resultam tanto da expansão na área cultivada no país quanto da produtividade das lavouras. A área é estimada em 81,7 milhões de hectares, com crescimento de 2,2% ou 1,8 milhão de hectares em comparação com a safra 2023/24. A produtividade, por sua vez, deve avançar 9,5%, chegando a 4.074 kg/ha.
VEJA TAMBÉM:
-
Com pesquisa que substitui químicos por microrganismos, brasileira vence “Nobel da Agricultura”
Avanço é impulsionado por soja, milho e arroz
A soja se destaca com uma estimativa de 168,3 milhões de toneladas a serem colhidas, o maior volume para a oleaginosa na história do país. O número representa um crescimento de 14%, ou 20,6 milhões de toneladas a mais, em relação à safra anterior, e 8,1% a mais do que o recorde de 2022/23.
Segundo a Conab, a utilização crescente de tecnologia pelos produtores e as boas condições climáticas na maioria das regiões produtoras contribuíram para o recorde. Com 97,7% da área semeada já colhida, a produtividade também já é considerada histórica, com 3.586 kg/ha.
Para Lucas Costa Beber, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), o regime de chuvas e o aumento da área plantada foram os principais fatores para o aumento na produção.
A perspectiva de uma produção recorde também aumenta em 7,2% a projeção de exportações da oleaginosa, estimadas em 105,9 milhões de toneladas pela Conab.
Ainda com o aumento nas vendas externas, os estoques do grão devem mais do que triplicar, saltando de 758,2 mil toneladas em 2023/24 para 2,9 milhões de toneladas ao fim de 2024/25.
O milho, por sua vez, tem produção total estimada em 126,9 milhões de toneladas, com alta de 9,9% em relação à temporada 2023/24 (115,5 milhões de toneladas).
No caso do cereal, no entanto, trata-se de um indicador de recuperação em relação à safra passada, quando houve uma quebra motivada principalmente pela falta de chuva, explica Daniel Rosa, assessor técnico da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho).
O milho é colhido em duas safras. A primeira de 2025 tem a colheita finalizada em 78% da área semeada, com estimativa de produção em 24,7 milhões de toneladas.
Já a segunda safra apresenta a semeadura concluída. A Conab espera uma produção em torno de 99,8 milhões de toneladas. De acordo com a companhia, as boas condições climáticas nas principais regiões produtoras vêm favorecendo as lavouras, nas quais predominam os estágios de floração e enchimento de grãos.
Neste levantamento, a Conab ajustou a estimativa do consumo nacional do grão para 89,3 milhões de toneladas, com base na perspectiva de crescimento da produção de etanol de milho, em meio à maior disponibilidade interna do grão no segundo semestre de 2025. As exportações foram mantidas em 34 milhões de toneladas e o estoque final da safra foi ajustado para 7,1 milhões de toneladas.
Outra cultura que deve ter forte crescimento na produção é o arroz, com estimativa de 12,1 milhões de toneladas, um aumento de 14,8% em relação ao ciclo anterior. O bom resultado é reflexo de uma maior área semeada, atingindo 1,7 milhão de hectares, combinada com uma melhora de 7,4% na produtividade média das lavouras, chegando a 7.071 quilos por hectare.
O algodão, que já teve a semeadura finalizada, tem estimativa de área em 2,1 milhões de hectares, crescimento de 7,2% sobre a safra de 2023/24. Para a produção, é esperada uma colheita de 3,9 milhões de toneladas da pluma, 5,5% acima do volume produzido na safra anterior.
Dentre as culturas de inverno, a semeadura do trigo já teve início nos estados do Centro-Oeste, Sudeste e no Paraná. A estimativa de produção da Conab para o cereal indica um volume de 8,3 milhões de toneladas para a safra 2025, crescimento de 4,6% sobre o ciclo passado.
Embora menos relevante na produção agrícola total, o amendoim deve ter o mais expressivo crescimento na atual safra, segundo a Conab. A estimativa é de um avanço de 59% nos dois ciclos da leguminosa, que devem somar 1,16 milhão de toneladas, ante 733,7 mil toneladas no ciclo passado.
Outras culturas de com previsão de alta incluem feijão (1%), girassol (39,5%), mamona (0,7%), sorgo (11,8%), aveia (6,6%), canola (50,9%) e cevada (16,4%).
VEJA TAMBÉM:
-
Estrela do fitness, amendoim renasce no agro e triplica produção nacional em dez anos
IBGE projeta números menores, mas também recordes
Com números um pouco mais conservadores, o IBGE também prevê safra recorde neste ano. De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a produção deve ser de 328,4 milhões de toneladas, um aumento de 12,2% em relação à obtida no ano passado (292,7 milhões de toneladas).
“Em 2024, tivemos uma série de problemas climáticos afetando as principais lavouras do Brasil. Em 2025, temos uma safra de recuperação, com o clima muito melhor para o desenvolvimento das lavouras”, explicou o gerente de agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes.
O órgão também prevê uma produção recorde de soja em 2024/25, com estimativa de 164,2 milhões de toneladas, alta de 13,3% em relação à 2023/2024. No caso do milho, a produção está projetada em 128,2 milhões de toneladas, um pouco abaixo do recorde de 132 milhões de toneladas registrado em 2022/23.
“As lavouras de milho 2ª safra, que é responsável pelo maior volume do milho produzido no Brasil, já estão em desenvolvimento e serão colhidas em junho. Isso significa que é possível uma pequena variação nas estimativas até o final do ano, diferente da soja, que já está praticamente toda colhida”, disse Guedes.
VEJA TAMBÉM:
-
Exportação de carne brasileira para os EUA aumenta mesmo após nova tarifa
-
Vitória do agro: como o Brasil superou a resistência europeia em nova regra ambiental