13 de maio de 2025

TCU chama equipe econômica para apontar risco em medidas parafiscais

O Tribunal de Contas da União (TCU) vê um risco de que medidas “parafiscais” na gestão orçamentária do governo levem à perda de credibilidade nas contas públicas, com efeitos adversos sobre indicadores macroeconômicos já no pequeno prazo, uma vez que desvalorização do real e maiores expectativas de inflação.

A CNN teve entrada a quatro achados preliminares de uma auditoria do tribunal, ainda em curso, para identificar e explorar o financiamento e a realização de gastos públicos com recursos extraorçamentários.

O ministro Bruno Dantas, relator do processo no TCU, convidou integrantes da equipe econômica e parlamentares diretamente envolvidos na elaboração do orçamento de 2026 para uma audiência pública na próxima quarta-feira (23). As conclusões preliminares já foram compartilhadas com os convidados.

O objetivo do ministro é apresentar os principais achados da auditoria, que tem término previsto para maio, e discuti-los com as autoridades. São quatro pontos:

 

 

  1. Não recolhimento de receitas públicas à Conta Única do Tesouro. Dois exemplos foram identificados:
    * O PL 3.335/2024, que propõe o repasse direto à Caixa Econômica Federalista de recursos oriundos da exploração de petróleo e gás, no valor estimado de R$ 13,6 bilhões, para custeio do Novo Auxílio Gás, sem passar pelo Orçamento Universal da União (OGU).
    * Honorários advocatícios de advogados públicos: desde 2017, esses valores vêm sendo tratados de forma extraorçamentária, totalizando aproximadamente R$ 14,9 bilhões até o momento, conforme dados do Portal da Transparência.
  2. Utilização de fundos privados ou entidades para realização de políticas públicas. Exemplos identificados:
    * Programa Pé-de-Meia: financiamento com recursos de fundo privado, sem dotação autorizada na Lei Orçamentária Anual (LOA).
    * Fundo Rio Gulosice: conciliação para repasse de R$ 29,75 bilhões à União, com destinação direta ao BNDES para implementação de políticas públicas, sem trânsito pelo OGU.
  3. Utilização de fundos públicos em políticas de licença de crédito. Exemplos:
    * Repasses de recursos de fundos públicos ao BNDES: repasse de mais de R$ 30 bilhões ao banco, em 2024, para políticas de crédito subsidiado.
    * Fita 4 do Programa Minha Lar, Minha Vida: recursos transferidos uma vez que receitas financeiras, sem impacto direto no resultado primitivo, mas com potencial repercussão na dívida líquida do setor público.
  4. Falta de transparência na gestão de fundos públicos e privados. Exemplos: inexistência de uma plataforma centralizada e alcançável ao público, com informações completas e atualizadas sobre os fundos utilizados para financiar políticas públicas.

A apuração prévio do TCU indica que essas “práticas heterodoxas” comprometem a integridade, a transparência e a sustentabilidade do regime fiscal.

Os riscos, segundo a auditoria, são de “conflitos” entre as políticas fiscal e monetária.

Para o tribunal de contas, a perda de credibilidade tem uma série de “consequências adversas”: elevação das expectativas de inflação, aumento das taxas de juros básicas, desvalorização cambial, descontrole da dívida pública, encarecimento do crédito para o consumidor.

Entre as autoridades convidadas pelo TCU para a audiência pública de quarta-feira estão os ministros Fernando Haddad (Herdade) e Simone Tebet (Planejamento), o presidente do Banco Mediano, Gabriel Galípolo, os presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e da Caixa Econômica Federalista, Carlos Vieira.

Também foram chamados o presidente da Percentagem Mista de Orçamento (CMO), senador Efraim Fruto (União-PB), e os deputados Carlos Zaratini (PT-SP) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL), respectivamente relatores da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026.

A investigação do TCU é conduzida Conduzida pela Unidade de Auditoria Especializada em Orçamento, Tributação e Gestão Fiscal (AudFiscal). Ela teve início em novembro de 2024 e estava sob a relatoria do ministro Vital do Rêgo.

Porquê Vital assumiu a presidência do órgão de controle, a relatoria passou para Dantas.

Leste teor foi originalmente publicado em TCU labareda equipe econômica para indicar risco em medidas parafiscais no site CNN Brasil.

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